OpenStreetMap logo OpenStreetMap

Em tempos de “quarentena” mapear tem sido o melhor dos passatempos.

Desde que redescobri a possibilidade de editar o mapa do OSM, em dezembro de 2019, tenho tentado ser o mais organizado possível em minhas edições. Cada vez em que me sento à frente do meu PC para isto, passo no mínimo meia hora editando pelo iD (o tempo máximo nem sei dizer mas com certeza foi de mais do que quatro horas seguidas).

Bom, e o que já consegui fazer? Poderia separar minhas edições em “campanhas”, como se fossem campanhas militares de reconhecimento e/ou mapeamento.

CAMPANHA Nº001 - A primeira delas foi bem aqui onde estou, em Inhapim, a cidade onde moro atualmente. Revisei a área urbana fazendo os pequenos ajustes que faltavam (e ainda há o que fazer por ali) enquanto acabava de aprender como editar no iD. Em seguida comecei a mapear todas as estradas a oeste da cidade e da BR.116 até o limite do território do município nesta mesma direção, e indo até um pouco além.

CAMPANHA Nº002 - A segunda onda foi a mais longa e mais importante. Ubaporanga, 10km ao sul, que considero minha cidade natal pois foi onde cresci e passei a maior parte da minha vida. Ali comecei pela área urbana, revisando toda ela, e depois parti para a área rural do múnicípio, que era o que eu mais queria pois estava muito pouco mapeada mas era justamente onde eu mais poderia ajudar o OSM já que conhecia aquelas estradas e montanhas como a palma da minha mão, graças a dezenas de trilhas de bike que passei a vida fazendo por ali.

CAMPANHA Nº003 - Terminadas as estradas fui ajustar as linhas de limite municipal do IBGE, e isto de tornou a terceira campanha pelo tanto de trabalho que deu, já que por vários quilômetros uma dessas linhas acompanha o Rio Preto, um rio pequeno e lento, muito lento, o que quer dizer que ele tem muitos meandros. E aqui tive um primeiro problema de decisão: Conectar ou não a linha de limite municipal com a do rio?

Cheguei a procurar em outras regiões algum exemplo de como fazer isso e, não encontrando (não procurei tanto assim), decidi que não, não conectar. Resolvi apenas manter as linhas seguindo lado a lado, o mais próximo possível mas sem conectar. E assim fiz, passei horas e horas, de vários dias diferentes, primeiro percorrendo curvas e mais curvas do rio, e depois, com um pouco menos de detalhamento, fazendo a linha do IBGE acompanhar o mesmo caminho.

CAMPANHA Nº004 - Ok, terminando o Rio Preto, na parte em que ele passa por Ubaporanga e até um pouco além na direção da sua nascente, parei para pensar um pouco se deveria ou não (a dúvida é se com isso eu não iria “carregar/pesar demais o mapa”) mapear os principais córregos do município. Então surgiu o próximo problema de decisão: Mapear só os maiores córregos ou todos eles? A partir de que tamanho/extensão um córrego merece entrar no mapa? E se em uma área eu só tiver pequenos córregos, quase sazonais? O mapa não vai parecer incompleto?

A decisão tomada: Não decidir (por enquanto). Resolvi só fazer logo tudo e, depois, se visse que ficou ruim, sairia apagando os “braços” menores dos córregos até só sobrarem os cursos principais. E nisso foram mais algumas boas horas de mapeamento, usando inclusive os mapas do exército (https://bdgex.eb.mil.br/bdgex/mobile) para tirar dúvidas em lugares onde não era possível ver o curso d’água.

Esta campanha terminou a mais ou menos duas semanas atrás. Mas mesmo nessa última semana que passou, em me dei uma folga antes de passar à próxima campanha, segui acessando o OSM sempre que possível e acrescentando aqui e ali, dentro do território de Ubaporanga. Hora um fragmento de Mata Nativa hora uma lavoura, edições soltas, que aliás eu logo percebi que jamais virarão uma campanha, porque são tantos e tão fragmentados esses pedaços de mata e áreas de lavoura nessa minha região que o único jeito de não desanimar de mapeá-los em cinco minutos é não ter isso como um objetivo.

CAMPANHA Nº005 - E esta é a campanha em que estou no momento. Desde que terminei o grosso do que havia pra fazer no município de Ubaporanga, vinha gastando meu tempo naqueles fragmentos já mencionados (sem absolutamente pressa alguma), mas então, depois de fazer minha mais recente trilha de bike, e nela, de precisar atravessar uma área próxima mas não mapeada, encontrei a motivação necessária para uma nova campanha.

São Domingos das Dores, São Sebastião do Anta, e Imbé de Minas. São três pequenos municípios imediatamente vizinhos a Ubaporanga e Inhapim e que se encontravam (até semana passada) na mesma situação em que Ubaporanga estava antes de minha chegada, e é nessa área em que estou trabalhando agora.

Como sempre, após ajustar as linhas das estradas já mapeadas e adicionar todas as outras estradas principais, já surgiu um novo problema de decisão. Mas este problema vou deixar para uma próxima postagem porque antes quero pensar um pouco mais sobre ele, e também porque quero mostrá-lo.

Na verdade não é tanto um problema, é mais uma constatação, sobre uma característica desta região em que vivo e pedalo.

Tentarei não demorar a fazer essa próxima postagem. Até mais.

Email icon Bluesky Icon Facebook Icon LinkedIn Icon Mastodon Icon Telegram Icon X Icon

Discussion

Comment from Linhares on 14 April 2020 at 17:31

Eduardo, parabéns pelo trabalho! Realmente o OSM é um bom passatempo para este momento. Melhor ainda é quando podemos utilizar o mapa e descobrir mais coisas a mapear!

Sobre a questão dos córregos, eu hoje considero que todos são importantes. Inclusive a minha campanha atual é mapear cursos d’água! Há um tempo atrás eu só mapeava os maiores e achava até estranho quando alguém se dedicava a incluir todos de uma região. Depois percebi que eles ajudam a entender o desenho das rodovias e podem ser muito úteis como referência.

Sobre a questão da divisa municipal ser o traçado do rio, eu considero que esta é a situação ideal. Não vemos muito isso no OSM porque faltam muitos cursos d’água a serem mapeados. Enquanto que as divisas estão quase todas presentes por conta de importações de dados. Então você verá muitas divisas “vazias” que deveriam ser rios ou córregos. No caso do rio que você mapeou, os traçado está praticamente idêntico ao da divisa. Portanto, não me parece necessário alterar.

Abraços, Linhares

Comment from eduardosreis on 14 April 2020 at 18:24

Obrigado, Linhares.

Sobre os cursos d’água, fiquei mesmo na dúvida se incluia os menores já que em campo, vários deles nem podem ser vistos e/ou praticamente não existem mais graças a décadas de degradação, corte de mata nativa e mudanças climáticas. Mas então pesou a favor o fator que você mencionou, de que eles em último caso ajudam também a entender o relevo, mesmo que você não esteja visualisando o mapa no modo Ciclístico/OpenTopoMap.

Sobre linhas de divisa, estou evitando uni-las com qualquer outra linha, de estrada, rio, ou área de mata ou plantação, porque desde o começo achei que isso poderia ser um grande problema se, no futuro, eu precisasse editá-las novamente e tivesse que sair desconectando ponto por ponto.

Enfim, sigo mapeando. Obrigado pelo comentário e bons mapeamentos pra você aí também.

Abraços.

Comment from erickdeoliveiraleal on 15 April 2020 at 15:59

Olá Eduardo, Sou de Brasília mas minha vó mora em São Sebastião do Anta, que bom que está mapeando por aí, mapeei bastantes estradas na sua área até são sebastião, utilizo bastante a camada Strava no JOSM para ajudar a mapear estradas rurais.

Comment from erickdeoliveiraleal on 15 April 2020 at 16:19

Outra ferramenta que as vezes uso e facilita o mapeamento é a https://mapwith.ai/

Comment from eduardosreis on 18 April 2020 at 20:29

Olá @erickdeoliveiraleal.

Pois é, estou avançando na direção de São Domingos das Dores e São Sebastião do Anta agora. Mas ainda só pelo OSM mesmo porque, mesmo morando minha vida toda por aqui, até hoje não fui a nenhuma das duas cidades. Mas devo mudar isso em breve e ir pedalar para aqueles lados. Ainda não testei os outros editores e até uso o Strava mas ainda prefiro fazer tudo manualmente, pelo PC mesmo. Costume antigo, por muitos anos fazendo isso para arquivo pessoal, no Earth. Depois vou dar uma olhada nesse mapwith.

Valeu.

Log in to leave a comment